— Ô, mano, cê viu o tanto de polícia que tem na área, aí, mano?
— É, então, tá embaçado o morro, certo, mano? Então, no fim de ano,
ir pra cadeia não vira…
— Ó quem tá chegando aí, irmão
— E aí, Cláudio, firmeza?
— E aí, firmeza, família? Como é que tá o morro?
— Então, o morro tá daquele jeito, certo, mano? Então, tem que ficar ligeiro,
porque tá cheio de polícia, cheio de ganso
— Então, aí, tô descabelado, mano, vim pra me levantar de novo
— Então, vamo colar aí?
Tá vendo aquele truta parado ali
Bolando ideia com os mano na esquina?
É envolvido com crack, maconha e cocaína
Tirou cadeia, cumpriu a sua cota
Pagou o que devia, mas, agora, ele tá de volta
Saudades da quebrada, família
Coração amargurado pelo tempo perdido na ilha
Se levantar, agora, é só, nada mais importa
Louco é mato, tá cheio no morro, não falta
Esses anos aguardou, paciente
O limite é uma fronteira criada só pela mente
Conta com o que ficou, e, não, o que perdeu
Quem vive do passado é memória, museu
Dinheiro, segredo, palavra-chave
Manipula o mundo e articula a verdade
Compra o silêncio, monta a milícia,
Paga o sossego, compra a política
Aos olhos da sociedade, mais um bandido,
E a bandidagem paga o preço pela vida
Vida entre o ódio, a traição e o respeito
Entre a bala na agulha e uma faca cravada no peito
Daquele jeito, ninguém ali brinca com fogo
Perdedor não entra nesse jogo
É como num tabuleiro de xadrez:
Xeque-mate, vida ou morte, um, dois, três
Vê direito, para, pensa, nada a perder
O réu acusado já foi programado pra morrer
Quem se habilita a debater?
Quem cai na rede é peixe, não tem pra onde correr
E aí, o crime vai, o crime vem
A quebrada tá normal e eu tô, também
O movimento dá dinheiro, sem problema
O consumo tá em alta, como manda o sistema
O crime vai, o crime vem
A quebrada tá normal e eu tô, também
Onde há fogo, há fumaça
Onde chega a droga, é inevitável, embaça
Eu tô aqui, com uma nove na mão
Cercado de droga e muita disposição, ladrão
Fui rotulado pela sua sociedade
Um passo a mais pra ficar na criminalidade
O meu cotidiano é um teste de sobrevivência
Já tô na vida, então, paciência
Pra cadeia não quero, não volto nunca mais
Aí, truta, se for pra ser, eu quero é mais
Aqui é mó covil, ninho de serpentes
Tem que ser louco pra vir bater de frente
Minha coroa não pode passar veneno
Já é velha e meu moleque ainda é pequeno
Um irmão morreu, o outro se casou
Saiu dessa porra, firmeza, se jogou
Só eu fiquei fazendo tempo por aqui
Tentei evitar mas não consegui, aí
Se meu futuro estiver traçado
Eu vou até o fim só pra ver o resultado
Quero dinheiro e uma vida melhor
Antes que meu castelo se transforme em pó
Só, o vício da morte está à venda
Em cada rua, uma alma
Em cada alma, uma encomenda
O consumo pra alguns é uma ameaça
Vários desanda, vacila e vira caça
(Tem mano que dá várias narigada aqui
Cheira até umas hora) Deixa cair
É intensidade o tempo inteiro
Cartel latino, São Paulo ao Rio de Janeiro
Dá mó dinheiro, dólares, rato de sócio
Nesse ramo, são que nem abutre, nos negócios
A noite chega, a febre aumenta
Pode ser da paz ou curviana violenta
— Então, vamo terminar de enrolar um bagulho, pra nóis fazer o rolê, irmão
-Firmeza, firmeza, mano
-Vai, vai, vai, vai, vai! Todo mundo, mão pra cabeça, mão pra cabeça!
Cadê o bagulho, irmão?!
— Vai, que tá caguetado! Quem que é o Cláudio, aí?!
Vai, quem que é o Cláudio, aí, no bagulho?!
Tráfico não tranca mais segredo
São três horas da manhã
E pra alguns maluco ainda é cedo
Na esquina, na entrada da favela
Uma mula de campana, fumando na viela
(E aí, cadê o Cláudio?)
Aí, o Cláudio tá perdido
Foragido da quebrada
E deixou tudo comigo
Os ganso tá na febre
Mas flagrante é dinheiro
Eu tô ligeiro a todo instante, parceiro
Mês de agosto atravessa o inverno
Os anjos do céu guiam meus passos, andando no inferno
Será eterna a estrada do fim
Aí que tá, é vulnerável
Provável pra mim
Que seja assim:
Um ganha e outro perde
Enquanto um louco cheira, o demônio se diverte
(Assim que é, assim que tá…)
O pobre, o preto, no gueto, é sempre assim:
O tempo não para, a guerra não tem fim
O crime e a favela, é lado a lado
É que nem dois aliados, o isqueiro e o cigarro
Na viela, no beco, na rua sem saída
Na esquina da quebrada, continua, assim, na mesma vida
Rotina que, assim, vai e prossegue
Vitorioso é aquele que, se pá, consegue
Sobreviver e não deitar, crivado de bala
Igual na rua D, ensanguentado no meio da vala
Muita cautela ainda é pouco
Mano armado, traíra, andando que nem louco
Mano passando uns barato roubado
Jogo arriscado, mas quem tá preocupado?
Sujeito ou cuzão? Herói ou vilão?
Cada .40 na mente, diferente reação
Cada estrada, uma lição da própria vida
Cada caminho, um atalho, uma tentativa
A qualidade, aqui, são das piores
Vários maluco dando o sangue por dias melhores
Foi dado um golpe de estado cavernoso
A máquina do desemprego fabrica criminoso
De bombeta, tatuado, sem camisa
De bermudão, no pião, na mesma brisa
Formação de quadrilha conduz o crime
Fora da lei, eu sei, eu vejo filme
Las Vegas, o patrão gira a roleta
Controla tudo na ponta da caneta
Sentindo, na garganta, o amargo do fel
Com o crime organizado, na Torre de Babel
Inteligente é o que vai pra cama mais cedo
Com uma quadrada na cintura, não é mais segredo
Não tenha medo, então, por que você veio aqui?
É guerra fria e você tá bem no meio, aí
Fogo cruzado, lado norte
Só vagabundo, bandidagem, e a morte
Boa sorte
TanyaRADA пишет:
- спасибо! От Души!!! ( Улыбаюсь...)все так!!!Liza пишет:
Любимая песня моей мамы